A Pulseira

outubro 7, 2011 § 1 comentário

Estava cansado e ocupado com os sucos para aquela que se perdia. Eu não podia, de forma alguma, me esquecer de encontrá-la, mas quase que fiz. Saí a sua procura não muito tempo depois e, no deserto onde se encontrava minha casa, eu também me perdi.

Havia, lembro-me bem, adormecido com a pulseira azul xadrez que tirei da blusa que você me deu há muito tempo atrás. Eu nunca vesti, me desculpa, não deu tempo.  Mas pelo menos hoje eu dei utilidades novas a tudo aquilo.

Te encontrei, perdido, procurando a desaparecida. Você me soou indefeso e doente. Me forçou uma felicidade e até trocamos nossos números com a mútua promessa de nos lembrarmos daquele fim de semana específico onde substituí sua dor de um jeito ineficaz. Você não me culpou e me agradeceu, eu me lembro.

Te encontrei com o terno estranho, de duas cores como aquele velho artista fracassado. Estava magro e com olhos fundos. Não perguntei nada sobre isso e nem sobre o motivo de estar sozinho. Falou mal da cantora que animava as conversas do bar, ela não te animava.

Fomos interrompidos pelo despertar. Olhei para a cama e a pulseira jazia estourada do lado do travesseiro. Me senti culpado pela distância, mas entendi, na verdade, que a distância não é feita por passos, é feita pela presença de vida.

Onde estou?

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