Besouro Mendes e Família

setembro 16, 2011 § Deixe um comentário

Um homem trabalhava em sua mesa longa. A velha estava descascando, então precisava fazer uma nova. Passava algumas partes do dia, não o dia todo, tratando da mesa. Não queria nada perfeito, não tinha tanto esmero. Gostava apenas de um serviço bem feito.

O besouro andava pela mesa velha, observando o trabalho do homem. Gostava do modo como ele fazia as coisas: media, lixava, envernizava, procurava ajustar os pés; mas, na verdade mesmo, o besouro preferia a velha.

O homem, depois de 2 horas e 32 minutos de trabalho, acabou observando que o besouro o observava. Se aproximou da mesa velha com curiosidade, tendo um peteleco armado na mão direita. Chegou bem perto, alinhou sua vista com a superfície da mesa e fitou o besouro frente a frente. Pela beleza do besouro, acabou passando alguns minutos assim.

Num agudo quase inaudível por qualquer um, o besouro, finalmente, disse:

– O que foi?

O homem pulou. Pulou e caiu pra trás, batendo, com as costas, a porta da entrada da sala.

Caiu e ficou parado um tempo, ofegante. Tentou refazer o som do besouro na cabeça, para que, aí sim, ele fosse apenas uma onomatopeia, e sua vida continuasse intocada por besouros falantes. Mas não, era real.

Foi se levantando devagar, olhou para o besouro, meio assustado, meio querendo matá-lo, de pé e de longe.

– Eita, doido, se acalma! – disse o besouro, mantendo o tom.

O homem resolveu pegar toda a sua sanidade, embalá-la em um saco de pão, amarrar com arame e mandar entregar na prefeitura. Se acalmou e puxou uma cadeira do lado esquerdo. Ficou olhando o bicho, até que resolveu falar.

– Tá bom. Por que você disse?

– Perdão?!

– Por que você falou? Nunca falou antes…

– Ah, sim. Falei porque prefiro a velha.

– Quem?

– A velha. A mesa velha. Não gosto da nova que você tá fazendo?

– Ué! Por quê?!

– Ela é antiestética.

– Discorra.

– O mogno não combina com essas pernas que você tá colocando. Devia pesquisar mais sobre essas coisas.

– Mas as pernas támbém são de mogno!

– Não são não, amigo, te enganaram. É só uma imitação.

– Hum… mas e sobre a estrutura?

– Pior ainda. Os ângulos estão todos errados…

– Noventa graus! Tá certo!

– Noventa graus aonde? Aquela primeira do seu lado tá 94, a segunda 88, e as duas de trás juntas mal dão 170.

– Mentira.

– Verdade.

Atrás do homem, encostando na porta, surgiu um de seus gatos, com postura atenta e estratégica.

– Olha lá, aquele seu bicho, manda embora! – o besouro gritou.

– O quê?

– O gato! O gato! Ele tá me dando medo, manda isso embora!

– Ah, você tem medo? Então peraí.

O homem, pirracento, pegou o gato no colo, colocou-o em cima da mesa e ficou o segurando. O gato olhava famintamente para o besouro.

– Que sacanagem! Eu te dou dicas sobre a mesa e você me vem botar medo! Sai!

O homem pôs o gato no chão e, após espantar ele, fechou a porta.

– Pronto. – disse, divertido.

– Obrigado. Agora, se você me dá licença, eu vou me virar de ponta cabeça e morrer decentemente, como meu pai, meu avô e toda minha linhagem.

– O quê?! Eu te salvei do gato…

– Agora você me salvou, mas depois eu já não vou saber. Melhor ir agora.

– Mas você… não fica triste ou com medo?

-Com medo?!

– É! Da morte…

– Mas pra quê? Como é que eu vou ter medo de algo que nem sei o que é?

Aí então, o besouro se virou de costas e o homem acabou acordando da siesta.

Bocejou. Se espreguiçou. Pensou sobre o sonho e não chegou a nenhuma conclusão, apenas sobre a moral da história. Era um bom conceito sobre a morte e iria tentar se acostumar com ele.

Foi pra cozinha, tomou um café e fez carinho no gato. Olhou pra ele e ele tinha um besouro na boca. O homem riu.

Lembrou-se de terminar sua mesa nova de vez. Só faltava uma mão de verniz.

Estalou as costas, pegou o pincel e a lata de verniz,  se pôs de frente para a mesa nova. Olhou para a mesa velha: nenhum besouro o observava. Deu um pulo sem sair do lugar. “Estou acordado ou estou dormindo? Estou acordado.”

Pôs o pincel na lata, tirou e, na primeira pincelada, envernizou um besouro na mesa. Riu mais ainda, e achou tudo aquilo alguma sacanagem divina. Olhou pra cima, simbolicamente olhando pra Deus, e, no teto, também havia um besouro. No começo da gargalhada, o besouro caiu em sua boca, e ele, sem pensar, cuspiu. O besouro voou até a mesa velha, onde ficou, de ponta cabeça, com as patinhas mexendo daquele jeito, que não se sabe ao certo se ele pede clemência ou se está se divertindo muito.

O homem decidiu adiar a última mão de verniz e começou um ato nobre.

Com cada um dos três besouros, ele fez uma coisa.

Com o que estava na boca do gato: ele tirou daquele incômodo lugar e fez um colar.

Com o que caiu na mesa nova: ele deixou lá mesmo, o verniz secou e o besouro se tornou parte da decoração (após ele ter se certificado de que as pernas da mesa realmente tinha 90º).

Com o que caiu na mesa velha: ele levantou uma das ribas da mesa, e jogou o besouro, de ponta cabeça, dentro da parte oca.

Depois de três dias, o homem foi ler Kafka, e entendeu tudo direitinho.

Acabou achando todo o acontecimento muito divertido e simbólico, e dele tirou muitas reflexões e filosofias que usaria para a vida toda. Mas, por um acaso, não chegou a se tocar de que a casa podia estar infestada daqueles insetos, e, infelizmente, o gato morreu duas semanas depois, de hemorragia interna.

Na Casa nº525

setembro 12, 2011 § Deixe um comentário

Ele gostava de usar chapéu. Mas não só gostava, como tinha uma utilidade para aquele uso. Usava chapéu porque seus cabelos caíam. Então, toda noite, depois de longas manhãs e tardes de trabalho e caminhada, ele se deitava na cama com a barriga pra cima, escorregava o corpo até ficar sem encosto na cabeça e, depois que ela ficasse de ponta cabeça, ele tirava o chapéu com todos os cabelos caídos dentro.

Depois era só tirar e lavar o chapéu e a cabeça. Tinha três chapéus: enquanto um secava, outro estava quase secando e um estava em sua cabeça.

Pra lavar a cabeça, aproveitava o banho quente. Seu banho demorava cerca de trinta minutos. Ele gostava de ficar um bom tempo de pé, só, sem fazer nada, debaixo da água. Terminado o banho, saía molhado do box e ficava na frente do espelho se olhando até sentir frio. Estava ficando careca.

Pegava a toalha e se enxugava. Então se vestia e abria a porta que, apesar de morar sozinho, sempre estava trancada.

Um dia ele me disse “Amigo, estou cansado. Acho que minha cabeça responde à minha vida e minhas mechas se perdem como eu perco os dias. Não se assuste se eu morrer de repente. Não vou me matar, mas a culpa é minha. Sempre tive essa impressão da morte…”

Eu não me lembro o que respondi naquele dia, mas era algo como “Você soa patético quando tenta ser sério junto com a humanidade”, o que ele respondeu com “Você não entende”. Lembro que não me aguentei de tanta raiva e dei um soco no peito dele e ele caiu, fraco. Eu o levantei, e dei outro soco, e o levantei de novo. Ele começou a chorar e perguntou o que eu estava fazendo, o que eu queria dele.

Eu não iria dizer nada e dar outro soco, mas achei melhor falar, e respondi que queria que ele morresse sem ter culpa. Ele começou a chorar. Eu comecei a rir.

– Do que você tá chorando?!

Ele ficou quieto e envergonhado, e falou com uma voz que quase não saiu: “não sei”. Eu ria ainda mais e ele ficou com o rosto avermelhado.

Ele me perguntou se eu estava testando ele, se aquilo era um jogo, ou se tinha alguma moral por trás daquilo.

Eu disse: “Não”, mas ele fez que não entendeu, então eu completei “Eu sou apenas um idiota batendo em um saco de batatas”. Ele riu até ficar sem ar e, quando se recuperou, disse que preferia jiló.

As Coisas Caem Quando Suspensas

setembro 11, 2011 § Deixe um comentário

Sou um caucasiano urbano no sentido sano, caucasiano metropolitano da zona rural.

Já falei muitas vezes do mato. Do mato e do rural, dos lugares reais do mundo. Falei das coisas que não mudam, que permanecem, que são alheias ao tempo-espaço-matéria-vida. Que estão acima, transcendem nossa capacidade de qualquer coisa. Claro que pode ser que não. Mas eu acho que sim.

A vida dos Postes

Na antiga Rua 32, a décima segunda a ser fundada no bairro, havia uma concentração estranha de postes. As noites de lá, pareciam dias, e os dias eram um pouco mais escuros. Todos os moradores estranhavam, porém, nenhum deles chegou sequer perto de suspeitar do que realmente acontecia.

Êxodo elétrico. Todos os postes, cansados da vida iluminada, se enfileiravam na rua 32 para descansar em paz, pelo menos por duas semanas, pra depois voltarem para a rotina.

Sim, os postes se mexem. E eles vão pra qualquer lugar. Essa movimentação se dá quando ninguém vê, ninguém filma, ninguém ouve, nem nada. Isto se sabe por sensibilidade elétrica pelos postes. Você acha que aguentaria ficar plantado num mesmo lugar, iluminando as mesmas pessoas, casas e carros, durante a vida toda? Se você disse sim, os postes dizem não, então eles se dão o trabalho de permanecerem em constante movimento.

O problema da aglomeração de postes da rua 32 se deu pelo aumento de bairros que a cidade andava sofrendo. Nada era do mesmo modo. Os novos postes se cansavam muito rápido e, assim que pudiam, saíam da rota e se punham na fila para os dias de folga. Os novos postes não tinham sido bem desenhados e energizados. Culpa do governo.

O que acontecia então, era que a rua 32 ficava altamente iluminada e com um número excessivo de postes.  Esse número, logicamente, era muito maior do que o número de postes que descansavam, o que fazia com que aquela pilha de postes do lado do mercadinho do Cesar, num terreno baldio, aumentasse lentamente e não conseguisse fluir com plenitude. Iam-se, então, cada dia mais, juntando postes de todos os tipos e nacionalidades.

Jorge apagou.

– Ih! Lá vai ele de novo, é a quinta vez esse ano! – disse Péricles.

– Pô, Péricles, não é bem assim. O coitado trabalha demais! – respondeu em defesa Fabrício.

Péricles desacreditou na defesa do velho Fabrício. Jorge era um dos novos, um dos que não aguentavam nada. E isso não era culpa dos velhos que, realmente, precisavam descansar.

– Isso é frescura demais, Fabrício! Esses caras descansam mais que eu, que sou muito mais velho. Precisamos regulamentar esse negócio todo aqui, essa garotada precisa se acostumar com o trabalho e ter um pouco mais de vergonha na cara.

– Ah, você sabe que não é bem assim. Eles não pediram pra nascer e, ainda, não pediram pra ter defeito.

– Mas eu não tenho nada a ver com isso! Tá na hora disso mudar.

– Todo ano é a mesma história?! Vai ficar com esse discurso de Reforma Elétrica eternamente? Por que você não muda?

– Ué,  mas… mas… o que eu posso mudar? O que eu faço?!

– Não sei, você que descubra! Se quer tanto a mudança, começa a procurar postes que concordam com você, comecem a se unir nessa causa.

Péricles vibrou.

– Eu já te disse antes. Eu não quero ser líder político.

– Então não reclama, porque ninguém quer ser.

Carlos apagou.

Péricles vibrou de novo.

– Lá vai outro! Descansar como se fosse Páscoa!

– Páscoa? Do que você tá falando?

– Sei lá, eu li num cartaz outro dia…

– Conseguiu aprender a ler?!

– Consegui. É só energizar num raio que não atinja outro poste, receber as vibrações contrárias e contar a frequência.

– É, eu sei a teoria, mas na prática não vai.

O tempo passa, a noite cai e surge o dia. Os postes apagam, mas continuam funcionando. A conversa é interrompida pela falta de meios de expressão. Péricles pensa sobre se tornar líder político, mas não é a vida que ele quer. Ele quer é se refugiar no Novo México, ou se perder em um deserto, ele quer é não precisar de fios, ser livre e morrer com isso, porque a vida é um pouco chata demais para um poste, e um pouco sofrida demais nesses últimos tempos.

Fabrício vive contente, acha que a vida é aquilo mesmo e, enquanto estiver vivo, vai continuar vivendo. Não irá procurar a morte como sabe que fará Péricles. Tem seus momentos de prazer quando crianças do bairro atiram pedras nele, ou quando a lâmpada queima. Sabe que aquilo é o suficiente e é até demais. A vida de um poste é uma dádiva.

Ontem

setembro 10, 2011 § 1 comentário

Saudade da infância. De quando cada casa era um portal de coisas que eu podia usar, brincar, consumir e me esconder.

Tristeza de usar mal as coisas. De passar pelas casas sem sabê-las. De usá-las como elas apenas são.

Tristeza de me olhar no espelho e ver que paro errado, que me mostro errado, que não sou sendo, que não expresso o eu sem ser sustentado por fios e plásticos.

Saudade do ser. Queria voltar a ele, mas como não esquecer das coisas com olhos? Dos meus olhos? Tudo tem olhos, e, tudo que eu queria, não era a escuridão, mas tanta luz que pudesse queimar os olhos do mundo, para todos viverem cegos e iluminados.

– Isso foi uma saudade de ontem, ontem preenchida por vida. É de se evitar que a saudade consiga fechar o mundo.

Acontece

setembro 8, 2011 § Deixe um comentário

Em algum lugar, numa espécie de garagem de edifício, dividida em setores intermináveis, estacionava-se um carro aparentemente normal. E, logo em seguida, outro carro, um pouco menos aparentemente normal, mas com sua normalidade conservada, de modo que, se um dia você o visse na rua, você realmente pensaria “esse carro é normal”, embora, no fundinho do inconsciente, sua mente gritasse “esse carro não é normal não, bicho!”.

Do carro mais normal, que mais parecia um 4×4, desceram três seres. Dois deles eram grandes e estranhos. Com pele cortiçada e grossa, cabelos opacos e feições desumanas. O terceiro deles era uma versão pequeníssima dos outros dois e continha uma feição um pouquinho mais humana, além de bizarras orelhas longas e um estranho olhar de quem não sabe o que faz, não importa o que faça e o quanto saiba.

Esse terceiro carregava uma máquina prateada enorme, cheia de ornamentos aparentemente inúteis, porém essenciais para a criação da atmosfera sci-fi. Carregava a máquina com, ao mesmo tempo: cuidado, desprezo, fascinação, medo e desdém.

Do outro carro, um pouco menos normal, desceu um outro ser. Ele parecia um pouco mais normal do que os outros seres ali presentes, assemelhando-se até com um ser humano, mas, felizmente para ele, não chegando a esse triste ponto.

O ser quase humano andava medrosa e espalhafatosamente, como se um complementasse o outro. Tinha um molho de chaves na mão. Chaves barrocas de cor bronze. Eram três.

Ele se aproximou do outro grupo, sem nem olhar para os rostos, com a mente fixa na máquina que o pequeno carregava. Com as mãos tremendo e fazendo barulho com o atrito das chaves, ele ergueu-as, dizendo calado:

– É o que tenho…

Os monstros cochicharam. (Monstros também cochicham). O baixinho se virou.

– E o que nos dá em troca?

– Uma delas.

Pararam por um momento.

– A gente escolhe?!

– Sim.

E os três se agruparam e começaram a discutir. Depois de dois minutos, um dos maiores se manifestou.

– A gente quer essa! – e apontou para a mais bonita de todas as três. A única que, apesar do bronze, lembrava um dourado curioso e perdido. – Mas você pode usar as outras duas antes. Só tira essa que a gente escolheu e passa pra cá.
– Tá certo. – o ser quase humano tirou a chave quase dourada do molho e entregou pro grande monstro.
O grande monstro guardou a chave no bolso, e deu uma cutucada no pequeno. Este, que beirava o sono, deu um pulo e levantou a máquina para o ser quase humano.

A máquina revelou uma espécie de fechadura em um de seus escatológicos cantos, e o ser introduziu uma das duas chaves nessa fechadura. Girou.

Instantaneamente, um carro se materializou. Mas foi justamente em cima do outro carro que ele fez isso, destruindo-o. Então, o ser quase humano ganhou um carro e, ao mesmo tempo, perdeu outro.

Os monstros riram. O ser acabou também não segurando.

Pegou a última chave que tinha, enfiou novamente na fechadura e girou. Sapatos surgiram nos seus ombros. Ele pegou os sapatos e se sentou no chão. Desamarrou os velhos e começou a pôr os novos.

Enquanto isso, os monstros se alegravam com o mistério do conteúdo da última chave. Os dois grandões se dividiram em pegar a máquina e pôr a chave.

Porém, quando seguiram o procedimento padrão e giraram a chave, nada aconteceu. Eles se enfureceram, jogaram a máquina no pequeno e começaram a avançar pra cima do ser quase humano, altamente dispostos a espancá-lo.

– Esperem! Quando é assim é diferente! – Interviu ele, aparentemente sincero. Os monstros gritaram (realmente alto):

– Como assim?!

– Calma, calma! Quando não aparece nada é porque é uma casa…

– Certeza? – o pequenino perguntou com interesse.

– Sim. Já aconteceu comigo antes.

– Tá, esperem então. – disse para os brutos. – Mas e agora?

– Quem girou a chave deve relar nela…

Um dos grandes pegou a máquina do pequeno e o outro relou na chave.

– E agora? – ele perguntou.

– Agora imagina um lugar.

– Pronto, e o que faço?

– Agora acabou, a casa vai estar lá. – disse o ser quase humano, sorrindo por ter conseguido se manter vivo.

O monstro fez uma cara de desespero e berrou (ainda mais do que antes):

– PUTS!

O pequeno se enfureceu, já prevendo o desastre:

– O que foi?! – perguntou.

– É MUITO longe!

O ser quase humano, mesmo com os sapatos mal amarrados, conseguiu dar no pé, ligou o carro (um pouco mais comum do que antes) e saiu em pneus cantantes.

O pequeno e coitado monstro batia o que tivesse disponível contra o corpo do maior. Tinha vontade de matá-lo, e quase realmente ordenou para que o outro grande fizesse isso, mas precisava da casa, precisava saber onde ficava a casa pra chegar lá, porque realmente precisava da casa. Era a única coisa que tinha, junto com aquela máquina materializadora. Precisava muito da casa, depois deixaria a máquina com eles dois em troca. Precisava descansar e relaxar um pouco, porque aquilo ali não era a vida que ele queria. Ele queria ler bons livros, meditar perto da lareira, assistir especiais sobre Teatro e, de vez em quando, quando o dinheiro da aposentadoria sobrasse, beber só uns dois ou três golinhos de cloro.

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